7 de jul. de 2009

Imagem do blog "doce deleite"

Hoje estive vendo a Mila Ramos e fiquei profundamente impressionada com suas palavras sobre a famigerada “farra do boi” de Santa Catarina. Deus do Ceu. São extremos de crueldade com os pobres animais que são tão meigos.

Detive-me pouco no sofrimento, porque minha mente amiga me desviou para lembranças agradáveis. Lembrei-me do nosso pai. Muitos filhos, treze ao todo, impossível que vivêssemos no maior silêncio e harmonia. A gente brigava, claro. Todo irmão briga!

Por muitas vezes nosso pai entrava em casa e nos via no meio de uma “batalha” e nossa mãe chorando. E ele se saia como uma até engraçada:

- Vocês já viram um boi lambendo o bezerro?

Claro que ninguém tinha visto. Então ele completava:

- Cuidem da mãe de vocês, parem de dar preocupação a ela. Se ela morrer, não vai ter quem passe a mão na cabeça de vocês!

Tão bom pai ele era que “lambeu” as crias até o fim. Mas gostava de deixar só com nossa mãe esse crédito.

Regina Helena

3 comentários:

  1. "Nunca teremos a força necessária para mudar o que está errado enquanto pender de nossos lábios a baba elástica e bovina da humildade". Nelson Rodrigues.
    Seria bom se o boi tivesse consciência de sua força e um mínimo da inteligência animalesca do homem para que ele (boi) fizesse uma farra do homem.

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  2. No último dia das Mães, mamãe, 87 anos, prestou uma linda homenagem às mães, onde terminava lembrando as mães animais e suas crias. Isto me lembrou dos versos do poeta João Paraibano:

    O bezerro mamando a calda abana
    a espuma do leite cobre o peito
    cada estaca de cerca tem direito
    ao rosário de flôr da jitirana
    no impulso do vento a chuva espana
    a poeira do palco do verão
    a semente engravida e racha o chão
    descansando dos frutos que germina
    Jesus salva a pobreza Nordestina
    com três dias de chuva no Sertão.

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